Há 20 anos meu avô partia, pouco depois de completar 70 anos. Morávamos em outra cidade e viajamos para nos despedir. Eu era criança e não fui ao enterro, fiquei com a minha prima em casa: passamos o tempo lembrando e rindo das boas memórias do vô. Desde então minha avó viveu, todos os dias, na expectativa desse reencontro. Ele aconteceu no último dia 28, um mês depois de ela completar 90 anos. Eu, que vejo sinal em tudo, logo concluí: eles realmente se encontraram. E, mesmo no caos em que vivemos, sem poder nos despedir, tendo que ressignificar o luto, a despedida, os abraços, isso aqueceu meu coração. Não pudemos viajar, então passamos de longe resgatando as boas memórias. Descanse em paz, vozinha. Obrigada por me ensinar tanto sobre o amor, por fazer minha cama caber no seu quarto, por crer na minha “bola de cristal”. Te amo.